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RP NO BRASIL: Recorte de 64, e a comunicação como manutenção de um golpe.

Por: Luiz Gustavo Pires

Hoje vamos tratar de um tema de difícil esquecimento. A ditadura civil-militar de 1964, com um recorte específico na influência das relações públicas neste momento político. Como surgiu, em qual contexto RP entra em tudo isso, o que era vantajoso e a posição da mídia quanto ao golpe.

Entendendo a atividade de relações públicas como a administração da comunicação, atuando como o corpo e a voz de uma organização com poder de mudar a opinião pública a partir da comunicação estratégica, é de fácil compreensão o quanto a mesma seria uma peça chave para o desenrolar desta história.

Vamos dar uma rebobinada para entendermos?

1940 – Getúlio Vargas, o carro-chefe da comunicação. Usava de todos os meios para o reforço de sua imagem, via rádio, jornais e etc. Tinha um cunho paternalista, visando a manutenção de seus privilégios, inflando a elite e de nada restava à população. Então com as revoltas contra Getúlio, armaram-se conflitos, greves e pressão por parte dos operários, e os métodos de persuasão e convencimento eram utilizados para que fosse amenizada a imagem do mesmo, fazendo com que fosse realizada a manutenção de seu status perante a opinião pública, tornando-a passiva às diferenças de classe, ofuscando essa diferença social.



1961 – Jango (João Goulart) no poder, propostas tendenciosas à um governo populista, que propunha a politização do trabalhador, dos estudantes, uma reforma agrária justa. Ideias como estas entendidas por baderna a anarquia, sendo capaz de abalar a burguesia e fazer com que o capital estrangeiro invista em uma ditadura junto ao exército brasileiro.

Vejamos como a comunicação mudou de um governo para o outro. De GV para Jango.

Enfim, você deve estar se perguntando “ok, mas cadê relações públicas e a ditadura?”

Pois bem, chegamos em 31 de março de 1964, e a comunicação com seus múltiplos meios, foi capaz de viabilizar um discurso de um Brasil progressista, “um país que vai pra frente”, "comunismo não, democracia sim".



Toda a atividade de relações públicas foi influenciada pelo período, com intuito de formar, dividir e corromper a opinião pública. Em setembro de 1968, o Brasil era governado pelo general-presidente Costa e Silva, e por coincidência, e promulgado o Decreto n° 63.283 da Lei Federal n° 5.377, que trata do regulamento do exercício da profissão de Relações Públicas.

Ainda em 1968, surge a AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas), distorcendo a função da atividade, promovendo uma boa imagem para o governo, com propagandas ufanistas e motivadoras como “ajude a construir um país melhor” “Famílias pelo Brasil” e ainda hoje se mantém as mesmas bases utilizadas na AERP para o sistema de comunicação do governo.

No Governo Médici, a Assessoria se consolidou e o Brasil dispara em investimento nas telecomunicações, por volta de 1970 já havia 7 milhões de aparelhos de TV. Junto à isso, o aglomerado de informações, futebol, uma imagem popular do presidente, agenda semanal televisionada pelo SBT, noticiário apelativo (10% de crescimento anual do país), siderurgia como salvação da pátria. Nas propagandas, evitava-se a utilização de violência, e a exaltação de militares. A opinião pública era dividida entre nacional e internacional. O que se passava aqui, não se passava lá fora e vice-versa.

Para concluirmos nossa primeira viagem no túnel do tempo dessa deliciosa máquina chamada COMUNICAÇÃO, façamos uma breve análise de como devemos seguir com ética e cautela essa profissão de alto grau de persuasão, e que com isso possamos refletir.

Mais de 50 anos se passaram após o golpe militar, e nossa profissão ainda é vista como influenciadora de seus meios, pois a ascensão da mesma foi para manutenção de um poder ilegítimo, com administração visada para interesses de quem a dominava. Por mais que no fundo dela, em teoria designe uma função democrática e de diálogo intermediando organizações e sociedade, os profissionais de RP ainda assim lidam com esse construto desenvolvido pelas assessorias.



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